NOTIMP - NOTICIÁRIO DA IMPRENSA

Capa Notimp Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.


OUTRAS MÍDIAS


AEROFLAP - Comandante da Aeronáutica recebe Diretor do Colégio Interamericano de Defesa


Publicada em 06/08/2019 09:07

O Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, recebeu, nesta segunda-feira (5), em Brasília (DF), o Diretor do Colégio Interamericano de Defesa (CID), Major-General James E. Taylor. O objetivo da visita foi ratificar a cooperação entre as instituições e tratar sobre o trabalho realizado pelos militares brasileiros em missão naquele colégio.

O CID é uma instituição acadêmica internacional, ligada à Junta Interamericana de Defesa, sediada no Fort McNair (US Army Base),  em Washington DC, nos Estados Unidos. A missão brasileira, a cargo do Ministério da Defesa, conta com militares das três Forças, que ocupam funções no staff internacional do colégio.

Durante o encontro, o Tenente-Brigadeiro Bermudez falou sobre a importância da visita do Diretor do Colégio Interamericano. “Os nossos Oficiais que estão no Colégio representam a Força e fazem um trabalho bastante importante”, ressaltou.

O Diretor do CID destacou que o encontro foi muito positivo. “Ressaltamos a participação da Força Aérea Brasileira, com o trabalho de seus militares na nossa Instituição”, afirmou.  

Também participaram do encontro o Chefe da 2º Subchefia do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), Brigadeiro do Ar Rodrigo Fernandes Santos; o Subchefe de Organismos Internacionais do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Brigadeiro do Ar Marcos dos Santos Silva; o Chefe da Seção de Adidos da 2º Subchefia do EMAER, Coronel Aviador Luiz Francisco Tolosa; e o Chefe do Escritório da CID, Capitão de Mar e Guerra Elias Loureiro Cromwell.

 

Pesquisa FAPESP - O novo caça da FAB

Primeiro jato sueco Gripen E comprado pelo Brasil iniciará em breve testes em voo; a aquisição de 36 aviões envolveu pacote de transferência de tecnologia

Yuri Vasconcelos | Publicada em 06/08/2019 16:31

Depois de quase cinco anos da assinatura do contrato que selou a compra da nova geração de caças suecos Gripen que farão parte da frota da Força Aérea Brasileira (FAB), o primeiro jato está pronto para voar. A partir de agosto ele deverá decolar da pista da Saab AB em Linköping, cidade de 150 mil habitantes situada a 220 quilômetros da capital Estocolmo, na Suécia, dando início à campanha de ensaios em voo. Essa é a última etapa antes da entrega dos aviões, com início previsto para 2021. Até lá, os caças serão submetidos a uma exaustiva bateria de testes, quando todos os seus sistemas e componentes serão postos à prova.

A compra dos jatos militares, denominados Gripen E (versão monoposto, com um só lugar) e F (modelo biposto), foi oficializada em 24 de outubro de 2014, após um processo iniciado mais de uma década antes. A aeronave venceu a concorrência do Programa FX-2, destinado a modernizar a aviação de caça brasileira, superando o F/A-18 E/F Super Hornet, da norte-americana Boeing, e o Rafale F3, da francesa Dassault. Os aviões supersônicos suecos substituirão de imediato os ultrapassados Mirage F-2000 da FAB, já desativados, e no médio e longo prazos os caças F-5M e A-1M. O pacote de 36 jatos (28 monopostos e 8 bipostos) custou 39,3 bilhões de coroas suecas – equivalente hoje a US$ 4,1 bilhões (R$ 15,5 bilhões). O último será entregue à FAB em 2024.

“O Gripen E/F é um excelente caça de quarta geração, tem ótimo desempenho e foi projetado para ser relativamente barato, fácil de manter e ágil para combater qualquer agressor”, diz o engenheiro especialista em projeto de aeronaves Álvaro Martins Abdalla, da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP). A vitória do avião da Saab, com desempenho similar ao dos concorrentes, se deu por dois motivos principais. O primeiro foi o valor do negócio.

“Em termos de custo operacional e valor global da transação, o Gripen E/F foi uma escolha sábia. Ele é um dos caças mais baratos do mercado, com um bom radar e velocidade supersônica”, destaca Richard Aboulafia, analista da indústria aeronáutica e vice-presidente do Teal Group, consultoria norte-americana especializada nos setores aeroespacial e de defesa. “Creio, entretanto, que teria feito mais sentido a escolha pelo F/A-18E/F se o Brasil estivesse buscando jatos que operassem também a partir de porta-aviões da Marinha, e não apenas para servir a Aeronáutica.”

O segundo aspecto que fez com que a balança pesasse para o lado dos suecos foi o acordo de compensação comercial oferecido pela Saab, avaliado em US$ 9 bilhões – valor que inclui investimentos da empresa em instalações fabris no Brasil e o treinamento de engenheiros e pilotos brasileiros na Suécia. Também conhecido como offset, esse acordo, uma imposição legal quando compras militares superam US$ 5 milhões, também previu um programa de transferência de tecnologia (ToT), em prol da FAB e de companhias do país, e a participação da indústria nacional, liderada pela Embraer, no desenvolvimento do avião. Ao contrário dos finalistas Super Hornet e Rafale, a nova geração do caça sueco, cuja primeira versão fora lançada nos anos 1980, não era um projeto pronto, mas em andamento.

“O ponto-chave da escolha do Gripen é que ele ainda estava em desenvolvimento. Com isso, os engenheiros da FAB e de companhias brasileiras poderiam participar do projeto e da construção do avião com os suecos, tornando a transferência de tecnologia mais efetiva”, afirma o economista Marcos José Barbieri Ferreira, coordenador do Laboratório de Estudo das Indústrias Aeroespaciais e de Defesa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “O Brasil não apenas absorveria uma tecnologia já consolidada – como a que Boeing e Dassault ofereciam –, mas participaria da construção desse novo conhecimento.”

Primeiro gerente do Programa FX-2, em 2008, e professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o coronel aviador Fernando Abrahão concorda com Barbieri, embora aponte que a demora do Brasil em assinar o contrato com a Saab limitou a participação da indústria nacional em parte do desenvolvimento do Gripen E/F. Em 2010, relatório final de avaliação da FAB já indicava o caça sueco à frente dos outros dois candidatos. A decisão, no entanto, só foi anunciada em dezembro de 2013. Foram necessários outros 10 meses para o acerto de detalhes e a assinatura do contrato.

“O aproveitamento dos pontos fortes do Gripen – ou seja, a possibilidade de desenvolvê-lo conjuntamente e operar em seguida suas capacidades – teria um potencial maior de sucesso se o contrato de aquisição tivesse sido assinado em 2010, e não em 2014. Em quatro anos, várias tecnologias podem mudar”, ressalta Abrahão. Ele afirma, ainda, discordar da obrigatoriedade dos programas de offset. “Dependendo de quem for o ofertante, é possível que se tenha bons ou maus projetos de compensação. Nem sempre ocorre uma transferência de tecnologia em bom nível, interessante para o país. Alguns projetos podem ser insignificantes, não atingindo os objetivos desejados. Sem falar que o preço com offset é um e sem ele é outro. Isso também precisa ser considerado.”

Limites do programa
O programa de offset atrelado à compra dos Gripen definiu a transferência de tecnologias em áreas identificadas pelo Comando da Aeronáutica e indicadas pela indústria nacional, em especial a do setor aeroespacial. “É o maior acordo de compensação comercial vinculado a um contrato de aquisição de produtos de defesa da FAB”, afirma o coronel aviador Paulo Roberto de Carvalho Júnior, atual gerente do Programa FX-2 e membro da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (Copac), órgão da FAB responsável pelo negócio.

O oficial da FAB explica que a Saab é a detentora do projeto do Gripen, mas o Brasil, ao entrar como parceiro no programa de desenvolvimento do jato, irá beneficiar sua indústria. “Muitos requisitos do novo Gripen serão de propriedade intelectual exclusiva brasileira, já que são particularidades de concepção que partiram unicamente da proposta concebida aqui”, afirma Carvalho.

Uma crítica que se faz ao programa de ToT do Gripen é que mais da metade dos componentes do jato é fabricado em outros países, notadamente nos Estados Unidos. Esse fator poderia configurar um impedimento para uma transferência tecnológica mais efetiva, já que tais itens teriam restrições de licença ou patente. FAB e Saab, entretanto, negam que isso ocorrerá.

Quinze aeronaves serão produzidas no interior paulista em um trabalho liderado pela Embraer

De acordo com a empresa sueca, o projeto de um caça como o Gripen envolve um conjunto de tecnologias críticas e sensíveis que são específicas do fabricante da aeronave, como projeto de célula (a estrutura do avião), integração aeronáutica e de sistemas (aviônicos, radares, armamentos). “Todas elas estão no escopo de transferência de tecnologia para o Brasil. Essas são as capacidades que, uma vez transferidas, permitirão que indústrias brasileiras mantenham e atualizem os caças, assim como projetem aeronaves de futuras gerações”, explica Mikael Franzén, head da unidade de negócios Gripen Brasil e vice-presidente da área de negócios Saab Aeronautics.

Para o consultor Richard Aboulafia, restrições quanto à transferência de tecnologias ocorrem em qualquer programa aeroespacial. “A tecnologia realmente valiosa fica com o fabricante. E, mesmo se for repassada, que diferença isso faria? A General Electric poderia dar ao Brasil muitas informações relativas ao motor F414 que equipa o Gripen, mas o que o país faria com isso? Por outro lado, o programa de ToT pode envolver o conhecimento associado aos processos de fabricação – e isso pode ser muito útil”, comenta o especialista.

Participação nacional
Além da Embraer e do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) da Aeronáutica, cinco empresas são beneficiárias do programa de transferência de tecnologia: as paulistas Akaer, de São José dos Campos, Saab Aeronáutica Montagens (SAM), de São Bernardo do Campo, Atech e Atmos Sistemas, ambas sediadas na capital paulista, e a gaúcha AEL Sistemas, de Porto Alegre. “A Saab selecionou as empresas que receberiam as tecnologias pretendidas. Cada uma participa do acordo de compensação em projetos que as capacitem para contribuir para a construção de um caça de última geração”, diz Carvalho, da FAB.

O processo de ToT do Programa Gripen contempla 62 projetos divididos em quatro grandes áreas: treinamento teórico das equipes nacionais envolvidas, programas de pesquisa e tecnologia, treinamento prático (on-the-job) de profissionais brasileiros na fábrica da Saab na Suécia e desenvolvimento e produção de sistemas e dos aviões. Mais de 350 integrantes das companhias nacionais e da FAB, entre engenheiros, operadores, técnicos e pilotos, participarão na Suécia de cursos e treinamentos. Até agosto deste ano, 170 engenheiros já haviam sido capacitados em Linköping. A maior parte trabalha no Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen (GDDN), localizado junto a uma unidade da Embraer em Gavião Peixoto (SP).

Inaugurado em 2016, o GDDN é o hub de desenvolvimento tecnológico do jato no Brasil. Sua instalação foi prevista no acordo de offset, como uma das compensações na esfera industrial. “O GDDN aloja todas as ferramentas e dados de engenharia, com nível de segurança cibernética e comunicação apropriado, e está integrado com o ambiente de desenvolvimento do Gripen em Linköping. Hoje, 123 engenheiros – 105 brasileiros e 18 suecos – atuam no local, que tem simuladores e tudo o mais necessário para o desenvolvimento dos jatos”, informou a Embraer por meio de sua assessoria de imprensa. Em Gavião Peixoto ainda serão construídos o Centro de Ensaios do Gripen e as instalações para montagem de parte dos caças.

Do total de 36 caças, 23 serão montados parcial ou totalmente no interior paulista, em um trabalho liderado pela Embraer. “A Saab é responsável pela montagem de 13 unidades do Gripen inteiramente na Suécia. Outras oito aeronaves começarão a ser fabricadas em Linköping e depois serão finalizadas no Brasil com a participação de técnicos e engenheiros brasileiros”, destaca Mikael Franzén. A partir de 2021, 15 aeronaves serão produzidas inteiramente na Embraer em Gavião Peixoto, sendo que a primeira será entregue à FAB três anos depois.

“Essa integração faz parte da transferência de tecnologia prevista no contrato e visa fornecer conhecimentos práticos necessários para a execução dessas mesmas atividades no Brasil”, explica Franzén. No último lote de aviões constam os modelos de dois lugares, cujo projeto tem forte participação da fabricante brasileira. O escopo da cooperação entre a Embraer e a Saab inclui também 900 voos de teste no Brasil.

Uma das principais contribuições brasileiras para o novo Gripen são as telas de última geração que equiparão a cabine dos jatos. Trata-se de displays, desenvolvidos e produzidos pela AEL Sistemas, subsidiária da israelense Elbit Systems, em que o piloto acessará todas as informações relativas ao voo. Inicialmente, a ideia era que fossem incorporados apenas aos aviões da FAB, mas a Saab confirmou no ano passado que também serão integrados aos 60 Gripen E/F encomendados pela Força Aérea Sueca, cuja primeira unidade será entregue no ano que vem.

“Com a harmonização dos programas brasileiro e sueco, a AEL tornou-se parte da cadeia de produção global do Gripen. Todos os pedidos futuros do avião terão os displays WAD, HUD e HMD, desenvolvidos por nós e que incorporam tecnologias nacional, israelense e sueca”, diz o coronel aviador da reserva da FAB João Alexandro Braga Maciel Vilela, gerente de Desenvolvimento de Negócios da empresa.

O Wide Area Display (WAD) é uma tela panorâmica de alta definição sensível ao toque com os principais dados do voo. Ela substituirá um conjunto de telas menores, projetadas inicialmente para  o avião, enquanto o Head-Up Display (HUD) apresentará dados essenciais da missão diretamente na parte frontal do cockpit, na linha de visão do piloto. O Helmet Mounted Display (HMD), por sua vez, é um visor integrado ao capacete que permite ao piloto ver os dados e as imagens dos alvos, elevando sua capacidade para tomada de decisão. O fornecimento dessas tecnologias para a Saab promove uma transferência de tecnologia inversa e é um exemplo de transbordamento na parceria industrial entre a companhia sueca e suas parceiras brasileiras.

Projeto das fuselagens
Outra cooperação relevante no âmbito do Programa Gripen foi estabelecida com a Akaer. Em 2009, antes mesmo da definição da compra dos Gripen, a empresa de São José dos Campos foi escolhida pela Saab para ser uma das parceiras internacionais do programa de desenvolvimento do Gripen. “Na fase de estudos preliminares trabalhamos nas fuselagens traseira e central, nas asas e nas portas do motor e do trem de pouso principal. Desde 2011, somos responsáveis pelo dimensionamento completo da fuselagem traseira, bem como pelo detalhamento e documentação de engenharia da fuselagem central e do segmento conhecido como gun unit, onde fica o canhão do caça”, informa o engenheiro de materiais Fernando Coelho Ferraz, vice-presidente de Operações da Akaer.

“O desenvolvimento de uma aeronave de caça é uma oportunidade única tanto para os profissionais envolvidos como para a Akaer e o Brasil. As tecnologias dessa aeronave não existem hoje no país e tornam o programa de transferência muito importante”, declara Ferraz. O sucesso da parceria fez com que a Saab adquirisse 15% do capital da Akaer em 2012 e elevasse depois sua participação para 25%. No ano passado, fez novo aumento, para 28%, em uma operação de troca de ações, quando a Akaer ficou com 10% da Saab Aeronáutica Montagens (SAM).

A implantação no país de uma fábrica de aeroestruturas, como a SAM, também foi uma das compensações de offset no âmbito do Programa FX-2. De acordo com a Saab, sócia majoritária da SAM, serão produzidos em São Bernardo seis segmentos para o Gripen brasileiro: a fuselagem traseira, o cone de cauda, o caixão das asas, os freios aerodinâmicos e a fuselagem dianteira das versões monoposto e biposto. O projeto da unidade, cujo início de operação está previsto para 2020, foi apresentado em maio do ano passado. A fábrica é dirigida pelo engenheiro brasileiro Marcelo Lima, oriundo do setor automobilístico, e contará inicialmente com 55 profissionais. Os primeiros engenheiros contratados receberam treinamento na Suécia este ano. A expectativa da Saab é de que a unidade torne-se uma fornecedora global de aeroestruturas do Gripen.

Simuladores de voo
Especializada em soluções para controle de tráfego aéreo, a Atech está absorvendo tecnologias da Saab em áreas relacionadas a simuladores e sistemas de apoio terrestre. “Estamos trabalhando em um simulador que valida as novas funcionalidades incorporadas ao caça brasileiro, como aviônicos, armamentos e o segundo assento para os modelos biposto. Antes de ser integrado ao avião, isso tudo deve ser avaliado e validado em ambiente virtual”, conta o engenheiro Giacomo Staniscia, diretor da área de Defesa da Atech, pertencente ao Grupo Embraer.

A empresa também atua no projeto de um simulador para treinamento dos pilotos – mais complexo e com mais funcionalidades do que os usados para treinar pilotos civis – e um sistema de suporte à missão. “Antes de um jato militar voar, é preciso programar sua missão, o que inclui definir o local da decolagem, estabelecer os parâmetros do voo de reconhecimento, determinar os radares e armamentos que vai utilizar. Isso é planejado previamente em terra no sistema que estamos fazendo com os suecos”, conta Staniscia.

“O conhecimento absorvido com o projeto é importante porque nos capacita a manter e evoluir os sistemas de um caça produzido com tecnologia de ponta”, acrescenta o engenheiro eletrônico André Di Luca Júnior, gerente da área de Defesa da Atech. “Ao mesmo tempo, abre oportunidades para aperfeiçoarmos nossos produtos e oferecer soluções de ponta para o mercado mundial.”

Di Luca informa que a primeira fase do ToT na Suécia com funcionários da Atech teve início em maio de 2016, quando 13 de seus profissionais ficaram em imersão na sede da Saab para conhecer os detalhes tecnológicos. Em uma nova etapa, prevista para o próximo ano, quatro outras pessoas serão enviadas a Linköping. Os 17 profissionais que participam do projeto são engenheiros – metade deles com mestrado ou doutorado.

Bancada de testes
Um corpo técnico qualificado também participa na Atmos Sistemas do Programa Gripen. Voltada ao desenvolvimento de soluções eletrônicas, como radares, aviônicos e antenas, a empresa atuará na manutenção de componentes para o sistema de sensores do avião, como equipamentos de radar e de defesa. “A manutenção de partes eletrônicas das aeronaves é um serviço altamente especializado, que exige padrões elevados de qualidade”, comenta o engenheiro Fábio Fukuda, diretor da Atmos. “Ao apreender a tecnologia da Saab, iremos integrar a lista de empresas da cadeia de suporte da FAB aptas a prestar esse serviço.”

A empresa receberá e será treinada na operação de uma bancada automática de teste, que permitirá a realização de ensaios longos e complexos de aviônicos, radares e aparelhos de defesa automaticamente, de forma repetitiva, com pouca intervenção do operador. “O conhecimento prévio em radares e sistemas de micro-ondas, bem como o adquirido no projeto do anel de luz síncrotron Sirius, realizado com apoio da FAPESP, foi fundamental para desenvolvermos a bancada de testes e sermos selecionados pela Saab”, conta Fukuda.

Outro projeto indiretamente beneficiado pela compra dos Gripen é coordenado pelo coronel aviador Fernando Abrahão, do ITA. Ele lidera o Laboratório de Engenharia Logística (AeroLog-Lab-ITA) da instituição, que está sendo capacitado para prover apoio logístico aos jatos suecos. “O suporte logístico é tudo aquilo que precisa ser feito em uma aeronave para que ela continue operando com segurança depois de determinado intervalo de tempo”, explica Abrahão. “E o suporte logístico do Gripen é repleto de inovações.”

O professor do ITA explica que, quando os Gripen E/F forem integrados à frota da FAB, não será possível gerenciá-los da forma que se faz com os atuais caças F-5. “O Gripen demanda tecnologias  e conhecimentos diferentes dos utilizados no F-5. Nosso laboratório vem se capacitando nessa área”, diz. O AeroLogLab tem três alunos que fazem um mestrado focado nas tecnologias logísticas do Gripen, orientados conjuntamente por Abrahão, Guilherme Rocha e Henrique Martins, todos professores do ITA, e pela Saab. Eles ficaram 60 dias na Suécia e passarão dois anos trabalhando no desenvolvimento da logística no AeroLogLab-ITA.

OLHAR DIGITAL - Gigantes começam a disputar o espaço como forma de fornecer internet banda larga para áreas remotas


Publicada em 06/08/2019 07:30

Há menos de um mês, o mundo celebrava os 50 anos da primeira vez que o homem pousou na Lua, dando fim a uma etapa marcante da história humana, que teve protagonistas os Estados Unidos e a União Soviética disputando o que ficou conhecido como “corrida espacial”. De lá para cá, as coisas mudaram, a União Soviética não existe mais, mas a obsessão pelo espaço permaneceu: cada vez mais empresas estão começando a aproveitar esse espaço para aplicações comerciais.

Jeff Bezos, fundador da Amazon e também da Blue Origin, sua empreitada espacial, afirmou em 2016 que considerava o espaço como uma “nova internet”. Pode parecer uma comparação estranha, mas sua ideia é simples: a tecnologia espacial hoje está tão barata em relação ao que já foi há 30 ou 40 anos, que dois jovens com uma ideia na cabeça podem tirar uma ideia do papel com baixo custo, como aconteceu com a popularização da internet, que facilitou a criação das startups de tecnologia como Google, Facebook e a própria Amazon.

É um momento de otimismo em relação ao que o espaço pode proporcionar em termos de inovação tecnológica, e isso se reflete também nas expectativas de mercado. A expectativa do banco UBS indica que a economia espacial pode passar a movimentar US$ 1 trilhão ao longo das próximas duas décadas, e muito disso se deve ao barateamento do lançamento de foguetes.

De fato, o que se tem visto agora é uma nova corrida espacial, muitos anos após a disputa por quem chegava primeiro à Lua. Agora, os objetivos são outros, e o mais tangível para nós é o lançamento de satélites que permitam cobrir o planeta com internet de alta velocidade, mesmo em regiões muito pobres ou afastadas dos centros urbanos.

Os planos já estão em andamento

A Amazon já começou a colocar suas engrenagens para funcionar com o objetivo de tirar do papel o Projeto Kuiper, que pretende lançar 3.200 satélites que ficarão na órbita baixa do planeta Terra e serão interconectados para formar uma malha de telecomunicação espacial.

O projeto ainda está em sua fase inicial, no entanto, o que indica que ele pode mudar bastante até virar realidade. Por ainda ser muito incipiente, a Amazon não dá detalhes sobre seus planos, mas revela que planeja oferecer latências de no máximo 25 milissegundos, o que é consideravelmente mais baixo do que as opções de internet via satélite já conhecidas. Considerando a distância entre o solo e o espaço, a missão de oferecer um ping baixo é particularmente desafiadora.

A SpaceX, de Elon Musk, já está falando mais abertamente sobre o tema há algum tempo. Há dois anos, ele já falava em utilizar satélites para disponibilizar internet de até 1 Gbps e recentemente deu mais detalhes, revelando que pretende criar uma rede com quase 12 mil satélites na órbita baixa da Terra.

Neste caso, os planos já estão mais traçados. Chamado de Starlink, o projeto já colocou 60 desses satélites na órbita terrestre, sendo que 57 deles estavam funcionando de acordo com o esperado após um mês, mantendo-se a uma altitude de 550 quilômetros. Ao longo dos próximos anos, e de acordo com as autorizações recebidas pela empresa, o número de satélites deve ser multiplicado, com planos de lançamentos de 60 satélites por vez, com o objetivo de levar à órbita até 2.000 deles por ano. A expectativa é que sejam necessários 24 lançamentos para que esse plano esteja completo.

Não são apenas nomes populares como Amazon e SpaceX que estão de olho no espaço como forma de difundir internet de alta velocidade pelo planeta. Uma outra empresa que vai disputar esse nicho com esses nomes é a OneWeb, que, apesar de não ser tão conhecida, tem por trás uma outra gigante da tecnologia: a japonesa SoftBank. Seu plano é lançar 650 satélites para o espaço dentro dos próximos dois anos.

Brasil também está nessa

Pode parecer que apenas empresas do exterior estão de olho no espaço para fornecimento de internet, mas o Brasil também faz parte desse movimento de olhar para o espaço para fornecer conectividade para áreas mais remotas.

Por aqui, a Viasat estabeleceu uma parceria com a estatal Telebras que permite a utilização do SGDC-1 (Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação) e já atua no programa GeSAC (Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão), que utiliza a conectividade por satélite para atender 6 mil escolar pelo Brasil, sendo a maioria delas em áreas mais remotas e de difícil acesso no país.

A Viasat também tem a intenção de começar a oferecer serviços comerciais fazendo uso do SGDC-1 como contrapartida da parceria com a Telebras. Assim, a empresa poderá fazer uso da banda Ka do satélite e seus 58 Gbps de taxa de transferência para prestar serviços para aviação civil, como entretenimento de bordo, além de fornecer internet para residências e empresas.