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OUTRAS MÍDIAS


JORNAL A HORA (RS) - Resgatado de Wuhan relata tensão vivida com o avanço da epidemia

Natural de Venâncio Aires, um dos 34 brasileiros resgatados da China conta os momentos de tensão que antecederam a missão da FAB.

Publicada em 15/02/2020 16:00

O gaúcho Mauro Hart, 59, é um dos 34 brasileiros resgatados em Wuhan, epicentro do Coronavírus. O piloto de Boeing 737 trabalha há cinco anos na província chinesa e revesava seu tempo entre o Brasil e o país asiático. Agora, ficará até 27 de fevereiro em isolamento em um hotel em Anápolis (GO).

Passados seis dias da quarentena após o resgate promovido pela Força Aérea Brasileira (FAB) e o governo federal, Hart conta que duas vezes por dia uma equipe médica verifica a temperatura corporal dos resgatados. “Todas as 34 pessoas estão bem. O resultado negativo dos exames que constatam a presença do vírus foi muito comemorado”, comenta.

O piloto recorda que, desde a metade de janeiro, a situação na China foi se degradando. “No dia 23, houve o bloqueio total da cidade. O governo parou trens, metrôs, ônibus e fecharam aeroportos para pousos e decolagens”. A ação foi para restringir a movimentação e aglomeração de pessoas para frear o avanço do vírus. “Nos dias seguintes, proibiram o tráfego de carros.”

Naquele período, alguns países iniciaram movimentos para retirar seus cidadãos da área de risco. “Ninguém podia sair da cidade por conta própria”, relembra. Os brasileiros que estavam lá, portanto, fizeram um apelo às autoridades brasileiras para uma missão de resgate.

De acordo com Hart, a missão de resgate foi um processo complexo que envolveu diversos segmentos do governo, como a Presidência da República, Ministério da Defesa e da Saúde, entre outros órgãos que auxiliaram. “O planejamento da Força Aérea foi em tempo recorde. Foram apenas dois dias para uma missão muito complexa”, exalta.

Pedido de socorro

Ele relembra que antes da resposta positiva do governo, a sensação era de tensão. “Fizemos um vídeo com o pedido de socorro. Acredito que, após essa publicação, todo o processo foi acelerado.” O período até a efetivação do resgate ainda rendeu momentos apreensivos. “A cada dia, as medidas de restrição aumentavam e começava o desabastecimento em supermercados”.

Ele e outro colega piloto traçaram uma estratégia de sobrevivência prevendo o pior cenário. “Criamos uma sala de crise. Nos imaginamos trancados de dois a três meses no apartamento. Compramos mantimentos como materiais de higiene e alimentos para o período projeto.”

A volta ao Brasil

A Embaixada brasileira de Pequim auxiliou em todo processo de retirada dos 34 brasileiros até o desembarque em Anápolis, Goias. Hart destaca que nenhum dos passageiros apresentava sintomas do Coronavírus. “Este era um dos pré-requisitos para poder embarcar. Se alguém estivesse indícios do vírus, ficaria na China.”

O isolamento de 18 dias foi um acordo entre as partes. “Estamos em um hotel muito confortável, dedicado a essa operação. Quem trabalha aqui está como voluntário para nos auxiliar”, agradece.

Vida após o surto

Após o período em isolamento, o piloto quer seguir a vida normal. Assim que o Coronavírus for controlado, o plano é retornar a Wuhan. “Lá está o meu trabalho. Tenho um contrato e quero continuar a voar por lá”, planeja.

Atualmente seu contrato de trabalho possibilita seis vindas ao Brasil por ano. Por conta disso, estabeleceu residência em Natal (RN). “Seis vezes por ano, eu saio de Natal para o Rio de Janeiro ou São Paulo, embarco para Xangai e de lá, sigo para Wuhan. Trabalho cerca de 40 dias e folgo outros 20”, relata.