INTERCÂMBIO
Médico da FAB realiza cirurgias em maior navio-hospital do mundo
O Tenente Médico Cesar Wagner Montenegro Cima, da Força Aérea Brasileira (FAB), encerrou o trabalho de ajuda humanitária em Puerto Cabezas, na Nicarágua, na terça-feira (26/05), com cerca de 200 cirurgias realizadas em dez dias. Agora ele e a equipe embarcados há 60 dias no USNS Comfort, da Marinha dos Estados Unidos (o maior navio-hospital do mundo), seguem viagem para o Panamá.
O militar é o único da FAB que participa da quarta edição do Continuing Promise, intercâmbio realizado pelo Comando Sul dos Estados Unidos. O navio já atracou em Belize (Belize City), Guatemala (Puerto Barrios) e Jamaica (Kingston). No total, a missão deve percorrer 11 países durante 182 dias.
“Meu dia a dia é igual à rotina normal de um médico militar americano. A única exceção é que não integro a escala de cirurgião de dia, assim como os outros médicos estrangeiros”, conta.
Além dele, há outro brasileiro a bordo: o Coronel Médico Roberto Bentes Batista, do Exército, que já comandou por um ano o hospital de campanha no Haiti, após o terremoto de 2009.
Atendimentos - Em geral, ao atracar em cada país, a missão dedica os dois primeiros dias para a triagem dos casos. “Verificamos se há indicação cirúrgica e se temos os meios para realizá-la no navio nos sete dias seguintes”, explica.
O ortopedista, especializado em traumatologia esportiva, atua em conjunto com um militar americano. “Temos total afinidade. É como se trabalhássemos juntos há vários anos. Ele é especialista em ombro, então, aprendo muito com os casos que temos. E nas cirurgias de joelho, eu as faço e ele me auxilia”, relata.
De acordo com ele, até o momento não foi necessário utilizar todas as 12 salas de cirurgia do navio-hospital. “Aqui na Nicarágua, na maioria dos dias, foram utilizadas sete salas porque contamos com a presença da Operação Sorriso, que realizou cirurgias em crianças com defeitos orofaciais. Contabilizamos quase 200 procedimentos”, detalha.
Voluntários - Também integram a equipe militares de outras nações amigas, como Canadá, Alemanha, Colômbia, Bahamas e Peru, além de organizações não governamentais que trabalham com assistência humanitária dos seguintes países: Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e de vários países europeus. O Tenente Cima classifica a parceria entre o projeto e as ONGs como “um casamento perfeito”, já que o navio oferece estrutura logística e os voluntários entram com o conhecimento. O convite para a missão é realizado pela Marinha Americana e pelo Comando Sul.
Ele destaca outro aspecto importante da missão: o intercâmbio com ortopedistas locais dos países onde o navio atraca. “Eles sempre nos ajudam na seleção [triagem] dos pacientes, nos mostram suas realidades e necessidades, sobem a bordo para participar conosco das cirurgias”, ressalta.
“A oportunidade de ajudar pessoas de diferentes locais, culturas e necessidades, além dessa troca de experiência com militares americanos, estrangeiros, médicos locais e ONGs é o maior aprendizado dessa missão. Acredito que meu papel seja exatamente levar toda essa experiência aos demais militares da FAB e de nossas forças irmãs”, complementa o médico.
Saiba mais - A embarcação partiu da Base Naval de Norfolk, no estado norte-americano da Virgínia, no final de março, para a missão de assistência humanitária de 182 dias em 11 países da América Central.